EP.99 Manuel Aires Mateus, Arquitetura Entre Vistas

Nesta última entrevista (penúltimo episódio), falamos com Manuel Aires Mateus.Revela-nos as várias formas que a mesma cidade pode ter aos olhos da mesma pessoa (“Começou por ser o lugar onde eu estava para, mais tarde, se transformar num lugar que uso como reflexão.”) Convicto, afirma que “Os projetos estão nos lugares (…) os projetos estão nas possibilidades de transformação dos lugares”.Notamos a importância de palavras como “possibilidade”, “descoberta”, “liberdade”, “memória”.Aquando do final de uma obra gosta de ver o que podia ter sido melhor. “É impossível fazer-se tudo o que poderíamos fazer. Felizmente! Isso dá-nos a possibilidade de fazer melhor ao voltarmos a fazer.”Isto porque ocupa uma posição na vida em que “Não me interessa nada trabalhar com aquilo que sei, só me interessa trabalhar com aquilo que descubro.”Isso leva-nos a discutir sobre autoria, linguagem e identidade. “Um dos horrores que tenho, como arquiteto, é de que o nosso trabalho possa ser reconhecido, como se estivéssemos à procura de uma maneira de fazer. (…) Eu quero ter a liberdade de fazer sempre coisas diferentes. E que em cada projeto possa descobrir um principio novo.”“Reconheço que haverá qualquer coisa que unes os projetos, mas não sei dizer o quê. Mas para meu grande alívio também não me compete a mim dizer o quê. (…) Vê-se como? Vê-se porquê?”“Uma coisa boa da arquitetura é que a arquitetura trabalha com condições que todos nós conhecemos desde muito novos (…) mas o arquiteto transforma este ato num ato cultural.”“A memória é o grande saber (…) a memória é o conhecimento que nos permite ter instinto. (…) O trabalho do arquiteto é um trabalho de instinto, gosto desta palavra. O que é o instinto? Instinto é a liberdade que nós temos em movermo-nos em condições que nós conhecemos. (…) Mas acho que é um liberdade com muita responsabilidade.”“A arquitetura é a arte do eterno. (…) a ambição é projetar sem tempo. Projetamos “para a eternidade” com a liberdade de saber que isso não existe.”“Aquilo que acho interessante são as ideias que estão para lá do próprio projeto. Em que o nosso projeto é quase uma tradução de uma ideia, mas haveria outras traduções possíveis para essa mesma ideia.”Convidado: Manuel Aires MateusModeração: Ana Catarina Silva (estudante de arquitetura)

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